Por que se partiram as flores? ou Que sentido tem a vida?
Don é perito em relações e em que elas se acabem, uma espécie de Don Juan é o que ele foi a vida toda. Curiosamente, no início deste filme, Don está sentado no seu sofá a ver o Don Juan na TV. A sua mais recente mulher vai-se embora, nós não percebemos bem porquê, ele não parece saber bem porquê. No momento em que ela abre a porta para sair, surge o anónimo envelope cor-de-rosa que vem lembrar a Don que já houve mais mulheres e que algures talvez haja um filho dele à sua procura . Desinteressado, deixa a mulher sair, pousa o envelope, senta-se no sofá e continua, impavidamente, a ver-se no espelho do Don Juan: o homem que possui o que todos parecem querer, mas que no fim tem as mãos vazias.
Cansado do sofá e do reflexo que o filme lhe devolve, decide procurar o filho mas não é porque quer, é por desfastio e, diz ele, porque o vizinho o obriga. E lá vai, de cidade em cidade, sem convicção, de antiga namorada em antiga namorada, de pistas cor-de-rosa em pistas cor-de-rosa, sempre com o seu ar de eu-estou-aqui-mas-estou-me-nas-tintas. Procura algo, mas não o filho, talvez o sentido da sua vida.
No final, está onde começou, numa encruzilhada, sem ter encontrado nada, sem saber se algo havia a encontrar, mas tão perdido quanto começou. Talvez ainda mais perdido, talvez com a sensação de que tudo lhe escapou por entre os dedos. É que a vida não tem sentido se o procurarmos fora de nós.
sábado, abril 08, 2006
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