Esta coisa da gasolina a subir bole-me cos nervos! O aumento tem sido tão disparatado que tem posto uma pessoa como eu, completamente imune a promoções, cartões de pontos e brindes, a ir ao supermercado X para ter desconto na gasolineira Y. Sim, eu sei, não é nobre da minha parte ser assim conduzida pela coleira a fazer o que os outros querem que eu faça, mas eu preciso da merda do carro para trabalhar (felizmente, por um lado, e infelizmente, por outro, trabalho todos os dias, como manda a lei, e alguns como não manda, mas isto é outra conversa). Assim, para poupar uns tostões, ponho os meus princípios em hasta pública.
Isto tudo vem a propósito do aumento disparatado dos preços da dita cuja, ou da gasosa, como se dizia popularmente no saudoso PORTO. As minhas antenas têm andado semi-desligadas, não tenho lido jornais nem visto tv para pôr coisas e loisas em dia. Mas hoje várias informações chegaram-me via rádio:
1. o petróleo está perto dos 80 dólares/barril;
2. as maiores gasolineiras em Portugal parece que aumentam o preço dos combustíveis logo que sabem dos aumentos dos preços do crude;
3. ao que parece (que eu não entendo muito bem o economês...), esta prática é um disparate porque a galp (i.e.,petrogal) tem reservas de petróleo e não precisa de aumentar os combustíveis no dia seguinte aos aumentos do crude, pode dar tempo para acertos... consta que em Espanha as gasolineiras não fazem o mesmo;
4. a galp é a empresa mais importante em termos de fixação de preços, mas a bp e outras que tais também ajudam ao pagode da exploração dos consumidores;
5. a galp tem lucros que até metiam nojo aos cães numa altura normal, pior ainda em tempos de crise;
6. os publicitários que trabalham para estas empresas pensam que somos todos acéfalos (esta não chegou via rádio, chegou via cérebro);
7. há uma revolta surda contra estes factos que ninguém sabe como exprimir;
8. há uma sugestão : boicotar a galp e outras grandes empresas responsáveis pela manutenção desta subida artificial de preços. Deste modo, estas empresas terão que baixar os preços se nos quiserem voltar a conquistar e as mais pequenas seguir-lhes-ão os passos.
É simples, mas temos que agir concertadamente. Eu vou aderir. E tu?
sexta-feira, abril 28, 2006
Livro à sexta
Os Revoltosos de Libertália, de Daniel Vaxelaire
O livro que hoje apresento, foge um pouco da literatura que leio normalmente. Este livro é dos chamados Utópicos. Espero que gostem do que vou escrever, e que o comprem, vale a pena. É um livro editado pelas publicações Europa - América.
A história do romance é o seguinte:
"Em finais do século XVII, a fragata Victoire cai nas mãos da tripulação amotinada, como consequência de uma sangrenta batalha contra um navio inglês. A bordo, um jovem fidalgo da Provença chamado Misson e um padre italiano de ideias sulfurosas, Ângelo Carraccioli, conseguem converter os revoltosos a um projecto louco: acabar com a tirania e com a escravatura e fundar, numa ilha do fim do mundo, uma cidade de utopia.
Nascerá aasim, a norte de Madagáscar, a efémera e quimérica república de Libertália."
É uma história romanciada, mas com traços de verdadeiro. Já que este livro é o relato de uma das personagens.
Também podemos ver como se comportam os navegadores portugueses (sim, eles também entram neste conto)
O livro que hoje apresento, foge um pouco da literatura que leio normalmente. Este livro é dos chamados Utópicos. Espero que gostem do que vou escrever, e que o comprem, vale a pena. É um livro editado pelas publicações Europa - América.
A história do romance é o seguinte:
"Em finais do século XVII, a fragata Victoire cai nas mãos da tripulação amotinada, como consequência de uma sangrenta batalha contra um navio inglês. A bordo, um jovem fidalgo da Provença chamado Misson e um padre italiano de ideias sulfurosas, Ângelo Carraccioli, conseguem converter os revoltosos a um projecto louco: acabar com a tirania e com a escravatura e fundar, numa ilha do fim do mundo, uma cidade de utopia.
Nascerá aasim, a norte de Madagáscar, a efémera e quimérica república de Libertália."
É uma história romanciada, mas com traços de verdadeiro. Já que este livro é o relato de uma das personagens.
Também podemos ver como se comportam os navegadores portugueses (sim, eles também entram neste conto)
quarta-feira, abril 26, 2006
Semana sem televisão
No ano passado, um colega de trabalho, depois de eu ter confessado que quase não via televisão, perguntou-me, entre o espanto e o acinte: Então o que fazes à noite??
Esta é a semana internacional sem televisão. Não sei bem se este é o nome oficial da coisa, mas é uma boa ideia para fazermos um teste à nossa vida pessoal. Será que vemos televisão para termos o que fazer? Não conseguiremos nós encontrar maneiras mais úteis e prazenteiras de passar os nossos minutos longe da canga do trabalho? Quem não sabe o que fazer sem televisão, saberá como se ocupar ao fim de semana ou quando se reformar?
Para responder a estas questões, para sabermos mais sobre nós, nada como desligarmos a televisão e vermos como é a vida real.
Esta é a semana internacional sem televisão. Não sei bem se este é o nome oficial da coisa, mas é uma boa ideia para fazermos um teste à nossa vida pessoal. Será que vemos televisão para termos o que fazer? Não conseguiremos nós encontrar maneiras mais úteis e prazenteiras de passar os nossos minutos longe da canga do trabalho? Quem não sabe o que fazer sem televisão, saberá como se ocupar ao fim de semana ou quando se reformar?
Para responder a estas questões, para sabermos mais sobre nós, nada como desligarmos a televisão e vermos como é a vida real.
Sublinhados
de O Mar, o Mar, de Iris Murdoch
"As suas vítimas [preferiam] a segurança de uma primeira impressão às agruras do pensamento crítico."
ed. Relógio D'Água, trad. José Miguel Silva
Para quantas pessoas não será isto verdade? O pensamento crítico é um quarto escuro e nós somos os electricistas a tentar colocar lá uma lâmpada. Ora, é muito mais fácil colocar milhares de lâmpadas no quarto iluminado das primeiras impressões.
"As suas vítimas [preferiam] a segurança de uma primeira impressão às agruras do pensamento crítico."
ed. Relógio D'Água, trad. José Miguel Silva
Para quantas pessoas não será isto verdade? O pensamento crítico é um quarto escuro e nós somos os electricistas a tentar colocar lá uma lâmpada. Ora, é muito mais fácil colocar milhares de lâmpadas no quarto iluminado das primeiras impressões.
terça-feira, abril 25, 2006
Do meu panteão pessoal
"Há diversas modalidades de Estado: os estados socialistas, os estados corporativos e o estado a que isto chegou! Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegamos. De maneira que quem quiser, vem comigo para Lisboa e acabamos com isto. Quem é voluntário sai e forma. Quem não quiser vir não é obrigado e fica aqui."
Salgueiro Maia, madrugada de 25 de Abril de 1974
sábado, abril 22, 2006
O Jornalista Desportivo, de Richard Ford
... ou A Arte da Fuga
Frank perde um filho, em consequência perde a serenidade, perde a mulher e a família, perde as ilusões de ser escritor, de ser alguém na vida. Temos a constante sensação de que este homem está na irremediável proximidade de perder o pé, de se afundar na depressão... Apesar disso, diz-nos continuamente que é feliz, manifesta um deliberado, mas falso, optimismo. "Há coisas piores", diz ele depois de contar algum dos episódios tristes por que passa, acrescentando sempre algo como "mas sinto-me bem!" Estabelece ténues laços pessoais e fala das suas mágoas de modo muito ligeiro, como se não doessem e é quase pela demasiada insistência no "sinto-me bem" que nós percebemos que nada está bem. Lida com o desastre procurando fingir que nada o toca, que em breve tudo passará e que será feliz. Agrada-lhe pensar assim, e ser um"jornalista desportivo" parece-lhe uma excelente profissão para alcançar tal objectivo: não se fala de nada a sério, nem é preciso escrever bem, pois há sempre alguém que vai reescrever o texto antes da impressão final, quer se queira quer não. Não há responsabilidade nenhuma - a não ser a de dizer o que os leitores possam querer ler. Niguém lhe exige grande coisa e Frank tem a ilusão de que tem uma vida. É um adulto à deriva, que se vai agarrando a pequenas tábuas para se sentir perto da salvação; que se tenta convencer, sem o conseguir, de que está quase salvo.
Lembra-me, no tom e no desespero, o personagem Holden Caulfield, do Catcher in the Rye ( de J.D. Salinger, traduzido em português como Uma Agulha no Centeio ou como à Espera no Centeio). Holden teria certamente crescido assim.
Nota: a tradução deste livro de Richard Ford é inimaginavelmente péssima, podia transcrever dezenas de barbaridades, quer por mau domínio da língua inglesa, quer por inépcia em relação à língua portuguesa - o que é pior ainda. É inacreditável que algumas editoras continuem a não ter vergonha de publicar coisas destas...
Frank perde um filho, em consequência perde a serenidade, perde a mulher e a família, perde as ilusões de ser escritor, de ser alguém na vida. Temos a constante sensação de que este homem está na irremediável proximidade de perder o pé, de se afundar na depressão... Apesar disso, diz-nos continuamente que é feliz, manifesta um deliberado, mas falso, optimismo. "Há coisas piores", diz ele depois de contar algum dos episódios tristes por que passa, acrescentando sempre algo como "mas sinto-me bem!" Estabelece ténues laços pessoais e fala das suas mágoas de modo muito ligeiro, como se não doessem e é quase pela demasiada insistência no "sinto-me bem" que nós percebemos que nada está bem. Lida com o desastre procurando fingir que nada o toca, que em breve tudo passará e que será feliz. Agrada-lhe pensar assim, e ser um"jornalista desportivo" parece-lhe uma excelente profissão para alcançar tal objectivo: não se fala de nada a sério, nem é preciso escrever bem, pois há sempre alguém que vai reescrever o texto antes da impressão final, quer se queira quer não. Não há responsabilidade nenhuma - a não ser a de dizer o que os leitores possam querer ler. Niguém lhe exige grande coisa e Frank tem a ilusão de que tem uma vida. É um adulto à deriva, que se vai agarrando a pequenas tábuas para se sentir perto da salvação; que se tenta convencer, sem o conseguir, de que está quase salvo.
Lembra-me, no tom e no desespero, o personagem Holden Caulfield, do Catcher in the Rye ( de J.D. Salinger, traduzido em português como Uma Agulha no Centeio ou como à Espera no Centeio). Holden teria certamente crescido assim.
Nota: a tradução deste livro de Richard Ford é inimaginavelmente péssima, podia transcrever dezenas de barbaridades, quer por mau domínio da língua inglesa, quer por inépcia em relação à língua portuguesa - o que é pior ainda. É inacreditável que algumas editoras continuem a não ter vergonha de publicar coisas destas...
sexta-feira, abril 21, 2006
Quatro Perguntas ou Como Obter um Passaporte Rápido para a Europa
Portuguesa, (trintona) sorrindo - Boa noite, queria que cumprimentasse o "Chef" por mim. A comida tem sido deliciosa!
Tunisino, (nos vintes) sorrindo - Francesa?
Portuguesa, com o sorriso a desmaiar - Portuguesa.
Tunisino a tirar nabos da púcara - Com a família?
Portuguesa, espantada - Com amigos.
Tunisino, a tirar mais um nabo - Casada?
Portuguesa, a pensar tirem-me deste filme - Sim.
Tunisino, a preparar o golpe final - Onde está o seu marido?
Portuguesa, a retirar a sete pés - Não veio. Aurevoir.
Tunisino, (nos vintes) sorrindo - Francesa?
Portuguesa, com o sorriso a desmaiar - Portuguesa.
Tunisino a tirar nabos da púcara - Com a família?
Portuguesa, espantada - Com amigos.
Tunisino, a tirar mais um nabo - Casada?
Portuguesa, a pensar tirem-me deste filme - Sim.
Tunisino, a preparar o golpe final - Onde está o seu marido?
Portuguesa, a retirar a sete pés - Não veio. Aurevoir.
Livro à sexta
Vou começar esta nova rubrica de "Livro à sexta" com um dos livros que mais prazer de deu a ler:
"A longa viagem da biblioteca dos reis: do terramoto de Lisboa à independência do Brasil".
É um livro editado pela Companhia das Letras, em 2002, no Brasil. Não sei se está editado em Portugal.
Resumo do livro: Primeiro de Novembro de 1755, dia de Todos so Santos. A população de Lisboa se apontava paar viver mais um pacato dia de feriado, sem imaginar o mal que vinha da terra. Em poucas horas, um terramoto devastador, seguido de incêndio e maremoto, destruiria a capital do Império e, junto com ela, a célebre Real Biblioteca.
É a parti deste episódio que começa "A longa viagem da biblioteca dos reis", que percorre eventos cruciais da história brasileira, sempre através dos livros. A narrativa acompanha a reconstrução do acervo da biblioteca nas mãos de Marquês de Pombal; os tempos incertos de D. Marai I; o angustiante momento da fuga da família real - que atravessa o Atlântico pela primeira vez - e as vissicitudes de sua nova vida nos trópicos, até chegar ao processo de independência brasileira, quando se pagou, e muito, pela Real Biblioteca.
Os livros porém, permitem mais: são símbolos de poder e de prestígio. carregam dons e possibilitam viajar no tempo e no espaço. Ao evadir-se de Portugal D. João não se esqueceu dos livros - que vieram em três viagens sucessivas...
A longa viagem da biblioteca dos reis refaz muitas jornadas e mostra como, por intermédio de bibliotecários mal-humorados, obras selecionadas, ilustrações raras e muitos sistemas de classificação, pode-se contar uma outra história dessa mesma nação".
O livro contém ilustrações belissímas.
A não perder!
Salta Folhinhas
A “Salta Folhinhas” é uma livraria infantil localizada no Porto. Num espaço aconchegante, com inúmeras almofadas coloridas espalhadas pelo chão, onde os nossos pequeninos podem descobrir o encanto dos livros, esta livraria presta ainda um outro belo e louvável serviço à sociedade. Todas as semanas, e por vezes várias vezes por semana, podemos, em conjunto com os nossos filhos, ouvir e apreciar pequenas representações daqueles contos que também fazem parte da nossa infância.
A primeira vez que lá fui com as minhas meninas (nessa altura a Bárbara com 4 anos e a Filipa com 2) dei por mim sentada no chão rodeada de crianças, a ver a representação da história “O galo da velha Luciana” de António Mota, e a sorrir das carinhosas intervenções dos pequenitos.
Depois desta experiência, sempre que posso levo-as lá. Elas lembram-se perfeitamente da “Salta Folhinhas” e pedem constantemente para lá voltar.
Parabéns “Salta Folhinhas” e obrigada por me ajudarem a ser criança ao lado das minhas meninas.
Nota: Até ao dia 24 de Maio a Salta Folhinhas tem histórias, teatros, fantoches ou sombras chinesas, todas as segundas, quartas e sextas, sempre às 17h30.
Rua António Patrício, nº 50,
4150-098 Porto (paralela à Av. da Boavista).
Contactos: 226092214
info@saltafolhinhas.pt
A primeira vez que lá fui com as minhas meninas (nessa altura a Bárbara com 4 anos e a Filipa com 2) dei por mim sentada no chão rodeada de crianças, a ver a representação da história “O galo da velha Luciana” de António Mota, e a sorrir das carinhosas intervenções dos pequenitos.
Depois desta experiência, sempre que posso levo-as lá. Elas lembram-se perfeitamente da “Salta Folhinhas” e pedem constantemente para lá voltar.
Parabéns “Salta Folhinhas” e obrigada por me ajudarem a ser criança ao lado das minhas meninas.
Nota: Até ao dia 24 de Maio a Salta Folhinhas tem histórias, teatros, fantoches ou sombras chinesas, todas as segundas, quartas e sextas, sempre às 17h30.
Rua António Patrício, nº 50,
4150-098 Porto (paralela à Av. da Boavista).
Contactos: 226092214
info@saltafolhinhas.pt
Enviado por Papoila
quinta-feira, abril 13, 2006
Samuel Beckett
Fazia hoje 100 anos se fosse vivo. Há quem o chame de o último revolucionário do teatro.
Para quem olha para os jornais diários de hoje : no Público na capa aparece a destaque para as páginas 2 a 5. No DN há um destaque para as páginas das "artes". O JN...NADA!
Tudo o que querem saber sobre Samuel Beckett está muito bem retratado no Público :)
"Ser artista é falhar como mais ninguém se atreve a falhar" Beckett
sábado, abril 08, 2006
Tabaco e Batatas Fritas
Eu também sou a favor de leis que protejam os não fumadores, até porque eu sou uma delas. Mas então, se nos vamos pôr a fazer leis a favor da redoma e dos cidadãos dentro da dita, há montes de outras coisas em que pensar e depressa, depressa, por exemplo: quem me protege do consumo excessivo de batatas fritas? Quem protege aqueles que eu amo de as comerem? E quem me protege do cheiro com que as mesmas impregnam os meus cabelos em lugares públicos fechados? E é que esta gente que come batatas fritas a toda a hora e que não faz exercício entope as veias e o sistema de saúde todo.
Acho que se deviam proibir as batatas fritas e tornar obrigatória a frequência de ginásios três vezes por semana, e estes dados deviam ficar registados no CU (Cartão Único, o que é que pensavam?)!
Acho que se deviam proibir as batatas fritas e tornar obrigatória a frequência de ginásios três vezes por semana, e estes dados deviam ficar registados no CU (Cartão Único, o que é que pensavam?)!
Flores Partidas, de Jim Jarmush
Por que se partiram as flores? ou Que sentido tem a vida?
Don é perito em relações e em que elas se acabem, uma espécie de Don Juan é o que ele foi a vida toda. Curiosamente, no início deste filme, Don está sentado no seu sofá a ver o Don Juan na TV. A sua mais recente mulher vai-se embora, nós não percebemos bem porquê, ele não parece saber bem porquê. No momento em que ela abre a porta para sair, surge o anónimo envelope cor-de-rosa que vem lembrar a Don que já houve mais mulheres e que algures talvez haja um filho dele à sua procura . Desinteressado, deixa a mulher sair, pousa o envelope, senta-se no sofá e continua, impavidamente, a ver-se no espelho do Don Juan: o homem que possui o que todos parecem querer, mas que no fim tem as mãos vazias.
Cansado do sofá e do reflexo que o filme lhe devolve, decide procurar o filho mas não é porque quer, é por desfastio e, diz ele, porque o vizinho o obriga. E lá vai, de cidade em cidade, sem convicção, de antiga namorada em antiga namorada, de pistas cor-de-rosa em pistas cor-de-rosa, sempre com o seu ar de eu-estou-aqui-mas-estou-me-nas-tintas. Procura algo, mas não o filho, talvez o sentido da sua vida.
No final, está onde começou, numa encruzilhada, sem ter encontrado nada, sem saber se algo havia a encontrar, mas tão perdido quanto começou. Talvez ainda mais perdido, talvez com a sensação de que tudo lhe escapou por entre os dedos. É que a vida não tem sentido se o procurarmos fora de nós.
Don é perito em relações e em que elas se acabem, uma espécie de Don Juan é o que ele foi a vida toda. Curiosamente, no início deste filme, Don está sentado no seu sofá a ver o Don Juan na TV. A sua mais recente mulher vai-se embora, nós não percebemos bem porquê, ele não parece saber bem porquê. No momento em que ela abre a porta para sair, surge o anónimo envelope cor-de-rosa que vem lembrar a Don que já houve mais mulheres e que algures talvez haja um filho dele à sua procura . Desinteressado, deixa a mulher sair, pousa o envelope, senta-se no sofá e continua, impavidamente, a ver-se no espelho do Don Juan: o homem que possui o que todos parecem querer, mas que no fim tem as mãos vazias.
Cansado do sofá e do reflexo que o filme lhe devolve, decide procurar o filho mas não é porque quer, é por desfastio e, diz ele, porque o vizinho o obriga. E lá vai, de cidade em cidade, sem convicção, de antiga namorada em antiga namorada, de pistas cor-de-rosa em pistas cor-de-rosa, sempre com o seu ar de eu-estou-aqui-mas-estou-me-nas-tintas. Procura algo, mas não o filho, talvez o sentido da sua vida.
No final, está onde começou, numa encruzilhada, sem ter encontrado nada, sem saber se algo havia a encontrar, mas tão perdido quanto começou. Talvez ainda mais perdido, talvez com a sensação de que tudo lhe escapou por entre os dedos. É que a vida não tem sentido se o procurarmos fora de nós.
sexta-feira, abril 07, 2006
A salvação
Blogame mucho
Este é o meu blogue preferido. O besugo é o meu bloguista preferido. E a lolita também. O Alonso tem piada. Vejam lá o que dizem sobre a literatura light e sobre a nova crítica light. Subscrevo tudo. Bem visto, lolita.
quinta-feira, abril 06, 2006
A Galp viu a luz...
... e viu que podia perder uns tostõezecos.
Transcrevo a resposta que um mail de reclamação enviado por um amigo recebeu:
"Ex.mo. Senhor,
O teor da letra do hino da campanha "O Sonho", com o qual a Galp Energia pretende gerar uma onda de apoio e de entusiasmo e em torno da participação da Selecção de Futebol no Campeonato Mundial, não tem qualquer intenção de ofender nenhuma pessoa ou grupo de pessoas da sociedade.
A letra recorre exclusivamente ao humor, utilizando, em muitas passagens, a linguagem que é utilizada hoje em dia no jargão do hip-hop e do futebol. Sublinhe-se que o termo que gerou alguma contestação não aparece de forma explícita em nenhum local do texto.
A Galp Energia lamenta que o teor da letra possa ter suscitado interpretações diferentes daquele que era e continua a ser o objectivo da campanha - apoiar, de forma positiva, a Selecção na competição mundial que se avizinha.
Face às reacções que o texto provocou, a Galp Energia decidiu remover na totalidade a referência em causa, de todos os materiais que serão produzidos a partir de hoje.
A Galp Energia reitera que em momento algum pretendeu ferir sensibilidades e mantém, como sempre manteve, o total respeito por todos os membros da sociedade.
Galp Energia"
Transcrevo a resposta que um mail de reclamação enviado por um amigo recebeu:
"Ex.mo. Senhor,
O teor da letra do hino da campanha "O Sonho", com o qual a Galp Energia pretende gerar uma onda de apoio e de entusiasmo e em torno da participação da Selecção de Futebol no Campeonato Mundial, não tem qualquer intenção de ofender nenhuma pessoa ou grupo de pessoas da sociedade.
A letra recorre exclusivamente ao humor, utilizando, em muitas passagens, a linguagem que é utilizada hoje em dia no jargão do hip-hop e do futebol. Sublinhe-se que o termo que gerou alguma contestação não aparece de forma explícita em nenhum local do texto.
A Galp Energia lamenta que o teor da letra possa ter suscitado interpretações diferentes daquele que era e continua a ser o objectivo da campanha - apoiar, de forma positiva, a Selecção na competição mundial que se avizinha.
Face às reacções que o texto provocou, a Galp Energia decidiu remover na totalidade a referência em causa, de todos os materiais que serão produzidos a partir de hoje.
A Galp Energia reitera que em momento algum pretendeu ferir sensibilidades e mantém, como sempre manteve, o total respeito por todos os membros da sociedade.
Galp Energia"
BLITZ
Se há jornal que me marcou (e muito) foi o BLITZ.
Todas as terças-feiras lá ía ao quiosque perto da escola secundária comprar o "famoso" jornal sobre música: o BLITZ. Uma das minhas capas de argolas estava encapado com recortes de Bandas que gostava (sim Esteva, lá estavam os Dead Kennedy's, Joy Division, Fall, Swans, Cocteau Twins...).
Foi durante alguns anos que este ritual se repetia semana após semana. Até que deixei de comprar, assim sem mais nem menos.
Até que hoje li uma notícia na RUM sobre o BLITZ : VAI ACABAR. O último número é este mês, dia 24. Vai passar a revista mensal.
Neste momento não sei a importancia que o BLITZ tem para esta geração de "consumidores" de música, na minha era muita. Por isso lamento a fecho de mais um jornal que me deu a conhecer muita boa música.
Obrigado BLITZ!
Até sempre!
p.s.: tenho em casa o nº 1 :)
Todas as terças-feiras lá ía ao quiosque perto da escola secundária comprar o "famoso" jornal sobre música: o BLITZ. Uma das minhas capas de argolas estava encapado com recortes de Bandas que gostava (sim Esteva, lá estavam os Dead Kennedy's, Joy Division, Fall, Swans, Cocteau Twins...).
Foi durante alguns anos que este ritual se repetia semana após semana. Até que deixei de comprar, assim sem mais nem menos.
Até que hoje li uma notícia na RUM sobre o BLITZ : VAI ACABAR. O último número é este mês, dia 24. Vai passar a revista mensal.
Neste momento não sei a importancia que o BLITZ tem para esta geração de "consumidores" de música, na minha era muita. Por isso lamento a fecho de mais um jornal que me deu a conhecer muita boa música.
Obrigado BLITZ!
Até sempre!
p.s.: tenho em casa o nº 1 :)
quarta-feira, abril 05, 2006
Fado do Ciúme
Se não esqueceste
o amor que me dedicaste
e o que escreveste
nas cartas que me mandaste
esquece o passado
e volta para meu lado
porque já estás perdoado
de tudo o que me chamaste.
Volta meu querido
mas volta como disseste
arrependido
de tudo o que me fizeste,
haja o que houver
já basta p'ra teu castigo
essa mulher
que andava agora contigo.
Se é contrafeito
não voltes toma cautela
porque eu aceito
que vivas antes com ela
pois podes crer
que antes prefiro morrer
do que contigo viver
sabendo que gostas dela.
Só o que eu peço
é uma recordação
se é que mereço
um pouco de compaixão,
deixa ficar
o teu retrato comigo
p'ra eu julgar
V o z : A m á l i a R o d r i g u e s
o amor que me dedicaste
e o que escreveste
nas cartas que me mandaste
esquece o passado
e volta para meu lado
porque já estás perdoado
de tudo o que me chamaste.
Volta meu querido
mas volta como disseste
arrependido
de tudo o que me fizeste,
haja o que houver
já basta p'ra teu castigo
essa mulher
que andava agora contigo.
Se é contrafeito
não voltes toma cautela
porque eu aceito
que vivas antes com ela
pois podes crer
que antes prefiro morrer
do que contigo viver
sabendo que gostas dela.
Só o que eu peço
é uma recordação
se é que mereço
um pouco de compaixão,
deixa ficar
o teu retrato comigo
p'ra eu julgar
que ainda vivo contigo.
V o z : A m á l i a R o d r i g u e s
Música: Frederico Valério
Letra: Amadeu do Vale
Não, a Amália não morreu, não faz anos que morreu ou que nasceu. A gente cá da tasquinha adora-a e só não a proponho como música de fundo porque depois o Medronho quereria pôr qualquer coisa punk... E chegou a hora da vingança: o Medronho já foi punk (ou panque, como preferirem), só não explica qual o método usado para pôr os cabelos em pé.
Adiante, eu ADORO não só a Amália, como também ESTE fado. É tão ingénuo, tão genuíno, que parece que estamos a ver a moça (ou o moço) a arrepelar os cabelos com as mãos por puro desatino amoroso. Com este mesmo material fez Camões dezenas de poemas.
Camões dirige-se aos seus contemporâneos
Podereis roubar-me tudo:
as ideias, as palavras, as imagens,
e também as metáforas, os temas, os motivos,
os símbolos, e a primazia
nas dores sofridas de uma língua nova,
no entendimento de outros, na coragem
de combater, julgar, de penetrar
em recessos de amor para que sois castrados.
E podereis depois não me citar,
suprimir-me, ignorar-me, aclamar até
outros ladrões mais felizes.
Não importa nada: que o castigo
será terrível. Não só quando
vossos netos não souberem já quem sois
terão de me saber melhor ainda
do que fingis que não sabeis,
como tudo, tudo o que laboriosamente pilhais,
reverterá para o meu nome. E mesmo será meu,
tido por meu, contado como meu,
até mesmo aquele pouco e miserável
que, só por vós, sem roubo, haveríeis feito.
Nada tereis, mas nada: nem os ossos,
que um vosso esqueleto há-de ser buscado,
para passar por meu. E para outros ladrões,
iguais a vós, de joelhos, porem flores no túmulo.
as ideias, as palavras, as imagens,
e também as metáforas, os temas, os motivos,
os símbolos, e a primazia
nas dores sofridas de uma língua nova,
no entendimento de outros, na coragem
de combater, julgar, de penetrar
em recessos de amor para que sois castrados.
E podereis depois não me citar,
suprimir-me, ignorar-me, aclamar até
outros ladrões mais felizes.
Não importa nada: que o castigo
será terrível. Não só quando
vossos netos não souberem já quem sois
terão de me saber melhor ainda
do que fingis que não sabeis,
como tudo, tudo o que laboriosamente pilhais,
reverterá para o meu nome. E mesmo será meu,
tido por meu, contado como meu,
até mesmo aquele pouco e miserável
que, só por vós, sem roubo, haveríeis feito.
Nada tereis, mas nada: nem os ossos,
que um vosso esqueleto há-de ser buscado,
para passar por meu. E para outros ladrões,
iguais a vós, de joelhos, porem flores no túmulo.
Metamorfoses(1963), Jorge de Sena
Amália
Com que voz
Com que voz chorarei meu triste fado,
que em tão dura paixão me sepultou.
Que mor não seja a dor que me deixou
o tempo, de meu bem desenganado.
Mas chorar não estima neste estado
aonde suspirar nunca aproveitou.
Triste quero viver, pois se mudou
em tristeza a alegria do passado.
Assim a vida passo descontente,
ao som nesta prisão do grilhão duro
que lastima ao pé que a sofre e sente.
De tanto mal, a causa é amor puro,
devido a quem de mim tenho ausente,
por quem a vida e bens dele aventuro.
Música: Alain Oulman
Letra: Luís de Camões, talvez.
Com que voz chorarei meu triste fado,
que em tão dura paixão me sepultou.
Que mor não seja a dor que me deixou
o tempo, de meu bem desenganado.
Mas chorar não estima neste estado
aonde suspirar nunca aproveitou.
Triste quero viver, pois se mudou
em tristeza a alegria do passado.
Assim a vida passo descontente,
ao som nesta prisão do grilhão duro
que lastima ao pé que a sofre e sente.
De tanto mal, a causa é amor puro,
devido a quem de mim tenho ausente,
por quem a vida e bens dele aventuro.
Música: Alain Oulman
Letra: Luís de Camões, talvez.
Vícios
terça-feira, abril 04, 2006
António Costa
Se fosse escolher uma figura portuguesa que não gostasse essa seria o António Costa.
É uma personagem que não me agrada. é uma personagem que só quer poder, pelo poder. É um homem que tenho um certo medo. Os cargos que ocupa (e que ocupou em Macau), as pretensões que está a tomar, não me agrada.
Posso estar enganado, mas...
sábado, abril 01, 2006
ESTEVA
Olá AMIGA :)
MUITO PARABÉNS.
TUDO de BOM,
MUITAS FELICIDADES,
***********
p.s.: mais um dia, mais um sorriso :)
MUITO PARABÉNS.
TUDO de BOM,
MUITAS FELICIDADES,
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p.s.: mais um dia, mais um sorriso :)
Boicota a Galp
Já viram o hino da galp ? É uma bosta, se o lermos com atenção. A determinada altura na letra a palavra de rima é substituída por reticências. Disse-me um amigo que a palavra que falta é "paneleiro", pelo que o fabuloso verso será: "o último a chegar é paneleiro". A discriminação não tem medo de aparecer e fá-lo como quem não quer a coisa e para vender uma marca. O futebol é coisa de homens viris. E os homens viris não são "paneleiros" e quem o for não é um homem viril. Só me apetece dizer aos senhores da galp para irem para o raio que os parta e para irem vender gasolina a outra.
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