terça-feira, outubro 31, 2006

Estado - Leviatã

Que futuro para o Estado?

As últimas coordenadas "enviadas" pela União Europeia afirmam que o Estado deve liberalizar os seus "serviços". Ou seja, quer que o Estado ceda o seu normal funcionamento aos privados.
Tudo o que estava nas mãos do serviço público(Estado)deve passar para a mão dos privados, ex: água, luz, saúde, estradas, estaleiros, transportes, saneamento, educação, seguros, bancos....
TUDO que mexa com a bem comum deixará de pertencer ao Estado.

Assim sendo: Para que serve o Estado?

Para regular o bom funcionamento do sistema "liberal"? ditar as regras? vigiar?

Aos poucos e pouco deixamos(?)de ter um Estado social. Um Estado interventivo. E passamos a ter um Estado figurante.

Falta pouco!

Nietzsche matou dEUS. Quem matou o Estado?

p.s.: a LER...

Estado

Leviatã

12 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado pelas dicas de leitura, especialmente "Leviatã". Foi interessante a leitura (e é sempre bom cultivarmo-nos...).

Quanto ao "Estado" estamos mal... o Estado deveria servir para minorar as clivagens que a sociedade cria. A "cegueira" da liberalização, em que tudo tem de ser competitivo e rentável, vai prejudicar sempre e em primeira instância os cidadãos que têm menos defesas (sem formação, sem emprego, sem poder económico). Queremos mesmo viver numa sociedade em que os mais fracos não são considerados? Normalmente, é assim que começam as revoluções...
Parece-me que ainda falta re-inventar o papel do Estado ou melhor, uma outra Sociedade mais justa... utopias...

Kaos disse...

Esse é o objectivo final de todo este neo-liberalismo que nos quer colocar nas mãos dos grandes grupos económicos. O estado deve ter em seu poder as ferramentas e alavancas para moldar uma sociedade justa. Os bens essenciais, como água energia e banca deveriam ser só publicos. Afinal são de todos nós e não só de alguns.
abraço

medronho disse...

Uma das coisas que mais me chateia: todos nós ajudamos a "construir" a banca, a rede pública de saneamento, as estradas, galp, edp.....E no fim, estas infra-estruturas são vendidas aos pirivados, e SEM beneficio para o cidadão comum.
Onde está a minha parte da venda da (possivel)CGD? da GALP? da EDP?
Todos ajudamos a construir, e no fim, ficamos sem nada.
Pior: AINDA pagamos mais.

Anónimo disse...

Teoricamente, a nossa parte na venda vai para o estado, para as melhorias que o estado pretende implementar nesta sociedade. O problema é que o estado é neste momento igual a governo e as melhorias em que o dinheiro são baixar o défice, dar cabo da ensino público e da saúde para todos , além de ignorar supinamente a cultura.

São piorias, enfim.

E nós nada podemos fazer porque teoricamente os elegemos (eu não, atenção). Já estou como o Zimbro, pena de morte à chapada aos eleitores.

medronho disse...

E se o ESTADO "vender" tudo o que tem ao seu alcance? Para onde vai esse dinheiro?
A saúde está a passar pros privados. A educação..olhem pros rankings (?). A cultura....olhem para o Rivoli...
Se TUDO passar para os privados, para que serve o Estado? E o dinheiro dos impostos (que são mts) a onde vai parar? Para melhorar as "empresas públicas", para depois as vendermos?
Quem ganha com isto?

A minha teoria: os ministros antes de o serem eram empregados/gestores de empresas privadas. Foram "escolhidos" para entrarem num determinado governo. Lá tratam que certo sector/serviço passe para as mãos dos seus ex-chefes. Assim, enquanto estão no governo tratam de alterar as leis, as normativas....tudo para qd chegarem cá fora esteja tudo pronto a favor desta ou daquela empresa.

Se os "serviços" do Estados forem todos (é o que está previsto) liberalizados, quem mandará no pais?

Há mais lobbies que cogumelos.

Anónimo disse...

Realmente Fernando ler o teu blogue nestes dias é uma maravilha! E olha que eu sempre fui de esquerda. Deixa-me explicar-te o défice: se eu ganho 500 euros por mês e gasto 510 significa que todos os meses acumulo um défice de 10 euros. Assim, se o Estado português tem um défice de cerca de 4% significa que gastou mais do que aquilo que recebeu. Ou seja, despesas maiores que receitas. Ora onde é que o Estado gasta dinheiro?
Na saúde, na educação, nos salários dos funcionários públicos (60%), nas prestações sociais, no funcionamento dos ministérios e organismos públicos, na cultura...
A UE diz que nós não podemos ter um défice maior que 3%, logo o Estado tem que cortar em alguma coisa... Ou saímos da UE e podemos ter o défice que quisermos, tipo após o 25 de Abril... 20%, 30%...
Uma maravilha... o país era um mar de rosas então...
O que nós devemos reclamar é um maior rigor no funcionamento do Estado(a reforma da administração pública é um óptimo começo), que a gestão dos dinheiros públicos seja feita de forma eficiente, que todos paguem impostos de igual forma consoante os seus rendimentos...
E quanto às empresas públicas deixa dizer-te que NENHUMA empresa privada em qualquer parte do mundo investia numa rede de cabos eléctricos ou telefónicos... Tem que ser o Estado a fazê-lo. Mas a gestão dessas empresas deve ser feita por quem tem conhecimentos para o fazer, e o Estado como gestor é uma desgraça. Não podes criticar a nomeação de políticos para cargos em empresas públicas e continuar a defender o modelo das empresas públicas!!!
E estamos numa economia de mercado, queres a tua parte na GALP e na EDP compra acções...

Eduarda

medronho disse...

Olá Eduarda :)
É um prazer ler os teus comentários.

A minha questão neste post não é essa. A questão é saber para que serve o Estado se TODOS os serviços a ele destinados forem privatizados (é o que a UE pretende de todos os Estados dos 25).
E esses serviços ao serem vendidos, para onde vai esse dinheiro?
Eu como cidadão faço descontos. Esse dinheiro vai para "investir" por ex: na GALP. Se a Galp for vendida, onde está a minha parte do meu investimento? Vai ser canalizado noutro serviço (dizes tu). E se todos os serviços forem/estarem já privatizados? Para onde vai esse dinheiro? Esta é a minha questão.

O poder do Estado está cada vez mais a diminuir. Cada vez controla menos "serviços".....até esvaziar!

p.s.: não me venhas com a questão dos Funcionários Públicos.... :P

Anónimo disse...

Fernando
Diz-me, por favor, porque razão o Estado deve continuar a deter a GALP? Para o cidadão isso faz algum sentido? Pagas menos pela gasolina se a fores comprar à GALP? Não. O dinheiro da venda da GALP, por exemplo, vai permitir este ano que o governo não reduza ainda mais as despesas para cortar no défice. O Estado deve ficar com os serviços que são essenciais à manutenção da igualdade social entre os cidadãos: saúde, educação, segurança social, segurança, justiça(investigação e julgamentos), cultura (alguns financiamentos são discutíveis).
O resto pode privatizar, não vejo mal nenhum nisso, se o serviço passar a ser prestado de uma forma mais competente.
O estado não está a privatizar a saúde ou a educação. A educação, por exemplo, quem é que diz que a educação está a ser privatizada: o sindicato dos professores. Devemos acreditar nos argumentos de uma parte do conflito? Ou devemos procurar informarmo-nos sobre as coisas de uma forma objectiva?
Experimenta fazer isso.

PS: quanto aos funcionários públicos se pensares bem sabes, melhor do que ninguém, que isso é uma questão que vale muito a pena discutir...

Eduarda

medronho disse...

Quais são as escolas melhor colocadas no ranking?
Quantas escolas estão a fechar por ano...por falta de alunos? Os que sobram para onde vão? (pelo menos os que têm possibilidade de colocar os filhos numa escola privada).
Cada vez há menos alunos...e é essa a tendência. Ao contrário do nº de profs....está a aumentar. Por isso o Governo está a actuar como está.

Quem me dera que o Estado ficasse com os "serviços minimos": luz, água, combustiveis, saúde.. (tudo isto está a SER VENDIDO..ao desbarato).

SEMPRE defendi um Estado Social.

Anónimo disse...

O ranking das escolas é uma estupidez que não serve para coisa nenhuma. Mas se olhares para o ranking com atenção vais perceber que muitas escolas privadas estão mais mal classificadas que as públicas. Mas a questão nem é essa. O estado português é dos estados europeus quem mais investe em educação e os resultados não são os melhores. Por isso, neste caso não é uma questão de dinheiro. São questões que passam pela forma como se ensina no nosso país, mas tb, e muito pelo acompanhamento que os miúdos têm em casa. Se conhecesses a realidade social de muitas das nossas escolas percebias que as medidas que esta ministra está a tomar no acompanhamento dos alunos nas escolas e na introdução das aulas de substituição são positivas e visam colmatar o fosso social entre os alunos.
Quanto ao n.º de alunos, mesmo um estado intervencionista não controla a tx de natalidade, a não ser que agora defendas regimes comunistas, como o chinês, que tem políticas de redução de nascimentos. Já que agora és um grande adepto da intervenção do Estado!

Olha, quanto à EDP deixa-me dizer-te isto: o Estado é uma accionista minoritário na empresa, no entanto, impediu que os aumentos fossem de 15% e passassem a 6%.
Explica lá esta?

Eduarda

medronho disse...

Os rankings valem o que valem.

Essa questão da EDP, já expliquei num dos comentários, num dos posts anteriores.
E se foi uma jogada do Governo? Ou seja: e se o Governo viesse com os 6% logo de 1ª....o povo reclamava (e com razão) que era um aumento mt grande. Assim fez o contrário, lançou-se a ideia dos 16%....e baixou prós 6%.
Moral da história: quem ficou com os louros? (e o povo, às cegas agradeceu)...
É assim que se faz politica.

Que saudades do "Yes Minister"

p.s: sabes mt bem que não sou comunista. Nunca fui.

Anónimo disse...

Vou dar uma singela sugestão para o estado pupar alguns tostões:
substituição do sistema operativo windows pelo linux.
Podem crer que só em licenças informáticas ainda se poupavam uns milhões de euros por ano. Mas o Bill Gates ainda ficava chateado...