Nestes dias, ando a desligar-me do mundo.
Tenho passado a vida a querer saber tudo o que se passa, a não perder telejornais, a ler jornais, a ouvir rádio e a ver documentários só para perceber como é que esta choldra é feita. E sei já demasiado sobre a maldade e a perversidade humanas. Admito que a minha reserva de esperança à prova de tudo em relação ao mundo e aos homens começa a fraquejar. Assim sendo começo a questionar-me sobre para que serviram todos os abaixo-assinados que subscrevi, todas as manifestações a que fui, todo o associativismo activista em que me fui envolvendo, de que serve tudo o que sei sobre os EUA e a URSS e a França e a Alemanha e a Espanha e a China e Timor e a Somália e a Palestina - enfim sobre os donos dos cordelinhos que nos puxam diariamente, sobre os que com eles colaboram e aqueles que de todos são vítimas.
Servirá tudo isto para alguma coisa? Mudará DE FACTO alguma coisa? Não valerá mais saber da pintura flamenga e de Boticcelli? Ou de Yourcenar e Agustina? Ou de Bergman e de Orson Welles? Ou de Amália, Chico Buarque, Ali Farka Touré e Kathleen Battle? Ou da Teresa, do Telmo, do Miguel, da Renata, do Paulo, da Zé? Dos Brigas ou dos Reis?Do amor e da amizade?
Estou farta deste mundo de gente insidiosa e cínica e apetece-me apenas gastar tempo com os melhores, os que recusam a lama e me causam o frémito de apreciar a beleza e os abraços.
domingo, agosto 20, 2006
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1 comentário:
bem, mesmo partindo do princípio que se tratam de questões retóricas, arrisco a constatação de que um abraço pode conter muita sapiência ;-)
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