O filme é médio e dá para passar o tempo, a nível de imagem e banda sonora é muito bom, a interpretação da Kirsten Dunst é muito boa, no entanto os outros actores quase que nem existem, nem se dá pela sua presença. E se estiverem atentos dá para ver na parte de cima do ecrã os microfones, em muitas cenas, o que é imperdoável num filme destes.
E Sofia Coppola? Será que se justificava toda a especulação em torno do seu «Marie Antoinette»? Ou, como dizem os franceses, integrando algumas palavras emblemáticas do inglês do mundo do espectáculo: havia razões para tão grande hype? O buzz tinha algum fundamento? Corroboro as palavras da urtiga e mai ainda. Digamos, para simplificar, que o filme tem a candura dos seus próprios limites. Que é como quem diz: por um lado, a cineasta de «As Virgens Suicidas» e «Lost in Translation» parece não ter querido fazer mais do que uma imensa passagem de modelos, sofisticada e espectacular, em que a personagem da rainha de Versalhes surge como o elemento sempre em fuga, habitando uma solidão sem solução (registo que, importa dizê-lo, Kirsten Dunst sustenta em brilhante under actingportfolio, ao mesmo tempo preciso e arbitrário, em que o que mais falta parece ser o próprio desejo de cinema. O filme vai, certamente, suscitar visões muito contraditórias. Em todo o caso, não creio que faça sentido elogiá-lo (ou denegri-lo) em nome desse valor sempre relativo que é a "verdade histórica". Goste-se mais ou goste-se menos do exercício formal (formalista?) de Sofia Coppola, o seu trabalho visa um clima tendencialmente romanesco, assumidamente artificioso, em que as canções desempenham um papel fundamental — The Cure, New Order, Phoenix e The Strokes estão na banda sonora, tentando "empurrar" o filme para a condição de um impossível teledisco operático.
4 comentários:
Ainda não fui ver e ando vou, não vou por aquilo que tenho ouvido dizer. Bem da musica, mal do resto. Mas, se aconselhas então vou.
bjs
O filme é médio e dá para passar o tempo, a nível de imagem e banda sonora é muito bom, a interpretação da Kirsten Dunst é muito boa, no entanto os outros actores quase que nem existem, nem se dá pela sua presença.
E se estiverem atentos dá para ver na parte de cima do ecrã os microfones, em muitas cenas, o que é imperdoável num filme destes.
Ao que contam a Kirsten Dunst está divinal no filme. é verdade?
E Sofia Coppola? Será que se justificava toda a especulação em torno do seu «Marie Antoinette»? Ou, como dizem os franceses, integrando algumas palavras emblemáticas do inglês do mundo do espectáculo: havia razões para tão grande hype? O buzz tinha algum fundamento?
Corroboro as palavras da urtiga e mai ainda.
Digamos, para simplificar, que o filme tem a candura dos seus próprios limites. Que é como quem diz: por um lado, a cineasta de «As Virgens Suicidas» e «Lost in Translation» parece não ter querido fazer mais do que uma imensa passagem de modelos, sofisticada e espectacular, em que a personagem da rainha de Versalhes surge como o elemento sempre em fuga, habitando uma solidão sem solução (registo que, importa dizê-lo, Kirsten Dunst sustenta em brilhante under actingportfolio, ao mesmo tempo preciso e arbitrário, em que o que mais falta parece ser o próprio desejo de cinema.
O filme vai, certamente, suscitar visões muito contraditórias. Em todo o caso, não creio que faça sentido elogiá-lo (ou denegri-lo) em nome desse valor sempre relativo que é a "verdade histórica". Goste-se mais ou goste-se menos do exercício formal (formalista?) de Sofia Coppola, o seu trabalho visa um clima tendencialmente romanesco, assumidamente artificioso, em que as canções desempenham um papel fundamental — The Cure, New Order, Phoenix e The Strokes estão na banda sonora, tentando "empurrar" o filme para a condição de um impossível teledisco operático.
Enviar um comentário