terça-feira, outubro 31, 2006

Estado - Leviatã

Que futuro para o Estado?

As últimas coordenadas "enviadas" pela União Europeia afirmam que o Estado deve liberalizar os seus "serviços". Ou seja, quer que o Estado ceda o seu normal funcionamento aos privados.
Tudo o que estava nas mãos do serviço público(Estado)deve passar para a mão dos privados, ex: água, luz, saúde, estradas, estaleiros, transportes, saneamento, educação, seguros, bancos....
TUDO que mexa com a bem comum deixará de pertencer ao Estado.

Assim sendo: Para que serve o Estado?

Para regular o bom funcionamento do sistema "liberal"? ditar as regras? vigiar?

Aos poucos e pouco deixamos(?)de ter um Estado social. Um Estado interventivo. E passamos a ter um Estado figurante.

Falta pouco!

Nietzsche matou dEUS. Quem matou o Estado?

p.s.: a LER...

Estado

Leviatã

sexta-feira, outubro 27, 2006

Publicidade à poesia


Entrevista na página 10 do "Mil Folhas" ao poeta José Miguel Silva (autor do poema anterior e do blogue Ad loca Infecta).
Recensão crítica sobre o livro (Movimentos no Escuro) de onde o poema foi retirado na página 11.

quarta-feira, outubro 25, 2006

Sublinhados

FEIOS, PORCOS E MAUS
-ETTORE SCOLA

Compram aos catorze a primeira gravata
com as cores do partido que melhor os ilude.
Aos quinze fazem por dar nas vistas no congresso
da jota, seguem a caravana das bases, aclamam
ou apupam pelo cenho das chefias, experimentam
o bailinho das federações de estudantes.
Sempre voluntariosos, a postos sempre,
para as tarefas de limpeza após o combate.
São os chamados anos de formação. Aí aprendem
a compor o gesto, a interpretar humores,
a mentir honestamente, aí aprendem a leveza
das palavras, a escolher o vinho, a espumar
de sorriso nos dentes, o sim e o não
mais oportunos. Aos vinte já conhecem
pelo faro o carisma de uns, a menos valia
de outros, enquanto prosseguem vagos estudos
de Direito ou de Economia. Começam, depois
disso, a fazer valer o cartão de sócio: estão à vista
os primeiros cargos, há trabalho de sapa pela frente,
é preciso minar, desminar, intrigar, reunir.
Só os piores conseguem ultrapassar esta fase.

Há então quem vá pelos municípios, quem prefira
os organismos públicos - tudo depende do golpe
de vista ou dos patrocínios que se tem ou não.
Aos trinta e dois é bem o momento de começar
a integrar as listas, de preferência em lugar
elegível, pondo sempre a baixeza acima de tudo.
A partir do Parlamento, tudo pode acontecer:
director de empresa municipal, coordenador de,
acessor de ministro, ministro, embaixador na Provença,
presidente da Caixa, da PT, da PQP e, mais à frente
(jubileu e corolário de solvente carreira),
o golden-share de uma cadeira ao pôr-do-sol.
No final, para os mais obstinados, pode haver
nome de rua (com ou sem estátua) e flores
de panegírico, bombardas, fanfarras de formal.

José Miguel Silva
in: MOVIMENTOS NO ESCURO
Relógio D'Água, 2005 - Lisboa

P.S. Sendo desta massa que os nossos políticos são feitos, porque insistimos em querer que voem? Razão tem o Zimbro, os eleitores é que têm que mudar.

Impostos

Para que servem os IMPOSTOS?
Será para pagar a saúde? As estradas? A educação? A cultura?....
No ano em que se arrecadou mais dinheiro em Impostos, o orçamento de Estado é menor em investimentos. Para onde foi/vai todo o dinheiro?

Já sei, foi/vai para pagar as dívidas da Banca ao Estado. Para pagar prémios aos gestores públicos, aos partidos políticos...

terça-feira, outubro 24, 2006

Coitadinhos



in: Público online

segunda-feira, outubro 23, 2006

Maria Antonieta


Ontem fui ver o último filme da Sofia Coppola.
A banda sonora é de mais. Principalmente os New Order.

A não perder!

p.s.: é um filme (quase) biográfico.

sábado, outubro 21, 2006

Da educação

Desinvestimento
São José Almeida
(Público de hoje)

Qual o objectivo do ministério? Transformar as escolas em fábricas de salsichas e introduzir prémios de produtividade? Criar uma espécie de stakonovismo pedagógico?

O Orçamento do Estado para 2007 apresenta uma opção política de redução da despesa pública com a função social do Estado, que se manifesta sobretudo no orçamento para a Educação, contemplado com menos 4,2 por cento das verbas do ano passado. Esta opção vem confirmar as teses que afirmam que as políticas adoptadas pelo Ministério da Educação, nomeadamente o novo Estatuto da Carreira Docente, têm como objectivo apenas e só a redução de custos e como base uma visão economicista da sociedade.

Nem de propósito, esta opção política é oficializada no Orçamento do Estado na mesma semana em que os professores realizaram uma greve de dois dias, considerada a maior de sempre no sector. Isto, depois de se terem reunido naquela que foi vista como a maior manifestação de professores e que juntou, segundo a polícia, mais de 25 mil docentes, muitos dos quais nunca se tinham manifestado. Uma greve e uma manifestação que surgem, assim, como um grito de revolta contra uma opção política que mexe profundamente com o tipo de sociedade que estamos a construir. E a que o poder político devia dar atenção, em vez de reagir com atitudes desesperadas como o patético comunicado do Ministério da Educação, "saudando os professores que não aderiram à greve", ou com uma retórica "reformista". Para depois, o secretário de Estado adjunto da Educação, Jorge Pedreira, vir anunciar, numa inqualificável chantagem sobre os sindicatos e os professores, que o ministério altera o estatuto, se não houver mais protestos. Mais: José Sócrates não deveria confundir a nuvem com Juno: os elogios à actual política de educação têm todos origem na mesma área ideológica, o que deveria ser motivo de reflexão por parte do Governo socialista e do PS.Esta opção política, de inspiração economicista e neoliberal, pelo desinvestimento público na educação - para que a médio, longo prazo se abra a porta à sua privatização, através, por exemplo do cheque-ensino? - tem sido apresentada como uma forma de melhorar o ensino público e tem apostado na estigmatização dos professores e na tentativa de os apresentar como "os maus da fita" e os responsáveis por todos os males da escola pública, como se as escolas e os professores não obedecessem a directivas do ministério.

Mas a atitude que o Governo adopta contém problemas graves que não se prendem só com a forma de tratamento dos professores, mas também com o conteúdo. E deste, o que é já transparente é que o objectivo, nomeadamente do novo estatuto, não é o bem dos alunos, a aprendizagem dos alunos, o sucesso escolar dos alunos. Vendido como uma forma de disciplinar, de meter na ordem os professores, apresentados como preguiçosos, o novo estatuto cria critérios que são questionáveis dentro de uma lógica de mero bom senso e de noção de bem público. Por que razão, por exemplo, só um terço dos professores pode atingir o escalão de "professor titular" (deixemos por comentar o ridículo da designação)? Qual o critério pedagógico para esta quota de um terço? Ou estamos de facto apenas perante um critério economicista de diminuir custos salariais com os professores?E não se venha de novo com a demagogia feita pelo primeiro-ministro, ao dizer que também nem todos os militares podem ser generais. A classe docente não é as forças armadas e a escola não é um quartel - simplificações deste tipo só podem denotar má-fé e falta de seriedade na discussão.

Esta lógica economicista de gerir a escola pública - procurando aplicar-lhe critérios empresariais de avaliação - é expressa num outro ponto do estatuto, o da avaliação dos professores para progressão na carreira. Aqui, a questão polémica não é só a do princípio demagógico e basista do "utente-avaliador", que perpassa na proposta de os encarregados de educação avaliarem os professores. É, sobretudo, o facto de o sucesso escolar dos alunos contar para a progressão na carreira - uma ideia que agora o secretário de Estado admite rever na chantagem que lançou sobre os professores. Qual o objectivo do ministério com esta regra? Transformar as escolas em fábricas de salsichas e introduzir prémios de produtividade? Criar uma espécie de stakonovismo pedagógico?

Será que vamos ter um sistema de ensino assumidamente discriminatório, com escolas boas e escolas guetos, separadas pela linha do sucesso escolar em rankings de separação de classe? Será que vamos assumir que há escolas em que as meninas e meninos de classe média e classe média alta, que frequentam certas escolas, serão os alunos de sucesso com professores classe A, que assim progridem na carreira e sobem ao seu topo? E depois as escolas-problema, com os alunos com dificuldades de aprendizagem, de adaptação, de inserção social, com os alunos de famílias atingidas pelo desemprego, pelo alcoolismo, pela toxicodependência, pelos problemas de disfuncionalidade social, que se reflectem, logicamente, na escola?

As escolas, de meios urbanos ou rurais, em que os problemas sociais são a real razão para o insucesso e o abandono escolar, e nas quais os professores têm de lidar com estes problemas, sem preparação profissional para tal e sem real assistência da Acção Social, que este ano foi mais uma vez reduzida - atribuindo-se um montante que nem sequer chega para comprar todos os manuais escolares, burocratizando-se o acesso à mesma e reduzindo-se o universo dos que a ela têm direito - ou de psicólogos, que continuam a ser pouquíssimos e não chegam para as encomendas. E ainda por cima são estes os professores que vão ficar a marcar passo na carreira, porque não produzem resultados de sucesso, não têm, digamos assim, lucro escolar? Ou vamos fomentar a mentira na atribuição de notas e promover as passagens automáticas, só para contar para as estatísticas de progressão na carreira?

A educação é um direito básico. As escolas em pré-fabricados continuam a aguardar ser substituídas e quase todas a esperar ser devidamente equipadas para que deixe de ser uma raridade os professores terem à sua disposição meios audiovisuais em boas condições e em quantidade suficiente ou simples fotocópias a cores. E a ser possível que no Inverno os alunos não tremam de frio e suem as estopinhas no Verão. Esse devia ser o investimento e não desinvestir-se socialmente com fins economicistas e obedecendo a uma lógica de transformar um direito básico num produto de mercado, criando, como manobra de dissuasão, a estigmatização dos professores.


Partilho com esta senhora, sem a conhecer a não ser de a ler, muitas opiniões sobre o mundo. Dou-me, isso a liberdade de trasncrever na íntegra este seu texto, que subscrevo inteiramente. Sublinhei algumas ideias que me parecem bom pasto para reflexão.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Humor político

O secretário de Estado Adjunto da Indústria e da Inovação, António Castro Guerra, afirmou hoje que a culpa do aumento de 15,7 por cento no preço da electricidade em 2007 é dos consumidores, porque "este défice tem de ser pago por quem o gerou".

Até este ano, a lei impedia uma actualização dos preços acima da inflação, o que deu origem a um défice tarifário que, na opinião de Castro Guerra, "só pode ser imputado aos consumidores".

"São os consumidores que devem este dinheiro. Não é mais ninguém", declarou o governante à rádio TSF. "Este défice tem de ser pago por quem o gerou", disse ainda Castro Guerra.

Retirado do público online.

Como? Repita lá, que eu estou mal de percebas:

1. Então a lei feita por quem elegemos e por quem nos tem governado impedia uma actualização dos preços acima da inflação e agora descobre-se que por causa dessa lei NÓS É QUE DEVEMOS DINHEIRO? Mas devemo-lo a quem? Desculpem, mas se a lei está mal feita não foram os senhores que a fizeram? Fizessem-na melhor.

2. Depois, senhores pseudo-socialistas, já vos ocorreu que há sectores em que não se pode só esperar lucros quando se está à frente de um governo e que o da electricidade é um deles por se tratar de um bem essencial?

3. Este tipo de declarações não é uma auto-desresponsabilização dos políticos?

4. A EDP não é uma das empresas que mais lucros apresenta? Então por que não usar esses lucros para cobrir o "défice tarifário" que nós , malevolamente por certo, criámos?

Eu quero, posso e mando

Medronho, em resposta ao teu comentário no poste anterior, é simples: nós pagamos à banca e a banca não paga nada a ninguém, mete ao bolso. A isto cham-se estímulo a um sector pobrezinho e com muito poucos lucros. Os governos pseudo-socialistas e pseudo-sociais-democratas têm muito cuidado com os lucros destes senhores.

Não têm é cuidado nenhum connosco. E sabes porquê? Porque sabem que o português manda vir muitas, mas muitas, postas de pescada no café ou no autocarro mas que não passa disso. Isto é que é triste. Repara na impunidade destes seres pensantes: ontem na apresentação do OGE até anunciaram que os deficientes (nem sei por que é que eles não arranjaram um eufemismo hipócrita mais ao gosto deles para designar este grupo de cidadãos) iriam pagar mais imposto! Isto num país em que nada ou quase nada é construído a pensar nestes cidadãos que são constantemente atacados nos seus direitos mais básicos, como os da mobilidade ou os do acesso ao emprego. Depois ainda tivemos que ouvir o senhor Sócrates, com aquele ar cândido que o diabo lhe deu, dizer que estas medidas se destinavam a promover a justiça social.

Perante estas e outras barabaridades nós, o povo que devia ordenar mais, encolhe os ombros e não exige melhores políticos. Temos a liberdade para o fazer mas preferimos não o fazer. Curioso, não? Eu até diria: assustador.

domingo, outubro 15, 2006

Manifestações e autismo

Temos assistido (pouco) nos telejornais, lido nos jornais e ouvido nas rádios que muita gente anda descontente neste país, que há manifestações como desde há décadas não se faziam contra as políticas do senhor Sócrates. E a reacção do senhor Sócrates e dos seus correlegionários de governo é algo como: "há uma manifestação? 'tá bem, abelha."

Este autismo dos eleitos em relação aos eleitores, i.e., em relação a todos quantos foram votar (e não só aos que votaram no PS), lembra o autismo dos tempos do Aníbal. Aposto que o Sócrates anda a receber lições às 5ªs. Concordamos todos que algo tem que mudar neste país que os governos têm sucessivamente desgovernado, mas será necessário tratar tão mal os manifestantes e os votantes? E aqueles votantes que se estão regozijando por finalmente a Função Pública estar a "ter o que merece" não se esqueçam: a Função Pública é o referencial de negociação para o sector privado, quanto pior tratados forem os trabalhadores da função pública, pior o serão os do privado, por arrastamento.

Já agora, se a culpa do desvario das contas públicas não é dos trabalhadores, por que não chamar os políticos que nos governaram e responsabilizá-los criminalmente? Talvez assim, de futuro, os políticos pensassem mais com o cérebro e menos com os amiguismos. Talvez assim, a qualidade de quem nos vai "governando" começasse a mudar. E se é preciso apertar o cinto e poupar dinheiro, para quando a tributação das mais-valias em bolsa, para quando uma verdadeira reforma fiscal? Por que razão tenho eu de pagar tantos impostos directos e indirectos e o meu vizinho do lado só tem que pagar os relacionados com o consumo, apesar de ter um carro que custou mais do que a minha casa e uma casa que custou o preço de 10 carros iguais ao dele? Que raio de governação socialista é esta? Socialista? Em quê? Só se for para roubar aos trabalhadores para dar às grandes empresas, aos bancos e a toda a gente que foge aos impostos,mas beneficia das estradas, dos hospitais, das escolas que EU e outros como eu pagamos.

P.S. A imagem é do Kaos, que há muito nos anda a lembrar de que só as moscas mudaram.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Sublinhados

" A vida é atroz; sabemos isso. Mas precisamente porque espero pouco da condição humana, os períodos de felicidade, os progressos parciais, os esforços de recomeço e de continuidade parecem-me outros tantos prodígios que compensam quase a massa enorme dos males, dos fracassos, da incúria e do erro. Hão-de vir as catástrofes e as ruínas ; a desordem triunfará, mas também a ordem, por vezes. A paz instalar-se-á de novo entre dois períodos de guerra; as palavras liberdade, humanidade, justiça reencontrarão aqui e ali o sentido que temos tentado dar-lhes."

Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar, trad. Maria Lamas

Concordo com Adriano/Yourcenar. Toda a esperança de evolução social tem este limite, mas também esta certeza: os progressos nunca serão definitivos, mas regressarão sempre.

Sublinhados

"Duvido de que toda a filosofia do mundo consiga suprimir a escravatura: o mais que poderá suceder é mudarem-lhe o nome. Sou capaz de imaginar formas de servidão piores que as nossas [a escravatura no tempo do imperador romano Adriano], por serem mais insidiosas: seja que consigam transformar os homens em máquinas estúpidas e satisfeitas, que se julgam livres quando estão subjugados, seja que se desenvolvam neles, com exclusão dos repousos e prazeres humanos, um gosto pelo trabalho tão arrebatado como a paixão da guerra entre as raças bárbaras. "

Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar , trad. Maria Lamas

Yourcenar fala aqui da "servidão do espírito ou da imaginação". Quantas vezes nos sentimos nós vítimas desta ignominiosa servidão? Quantas vezes colocamos nós próprios as nossas grilhetas?

segunda-feira, outubro 09, 2006

Medo Nuclear


Com a nova afronta de Kim Yong II, no teste nuclear. O medo de um possivel ataque nuclear instalou-se (principalmente) nos países vizinhos: Coreia do Sul, China e Japão.
O meu receio não será tanto do lunático ditador norte coreano, mas sim na venda desta informação a "pequenos" ditadores, fanáticos que pretendam usar contra o Ocidente.

Nós podemos controlar a mudança do clima...

...sem muito esforço: clica aqui e toca a mudar o nosso comportamento um bocadinho. É que o mundo já cá estava quando chegámos e quando sairmos temos que o deixar estimadinho para a geração seguinte.

terça-feira, outubro 03, 2006

Via ecológica

Como produzir biodiesel para usar em automóveis a gasóleo, diminuindo o dinheiro gasto em combustível e diminuindo o nosso impacto sobre o meio ambiente ?

Encontrei um curso sobre esse assunto (graças ao Venus as a boy, obrigada), está aqui:

http://www.troquedeenergia.com/CursoBioDiesel/CursoBioDiesel.php

e nesse sítio há muito mais coisas interessantes!

segunda-feira, outubro 02, 2006

Sublinhados

1. ... musicais

Vou falar-vos dum curioso personagem: Jeremias, o fora-da-lei
Descendente por linhas travessas do famigerado Zé do Telhado
Jeremias dedicou-se desde tenra idade ao fabrico da bomba caseira
Cuja eloquência sempre o deixou maravilhado

Para Jeremias nada se assemelha à magia da dinamite
A não ser talvez o rugir apaixonado das mais profundas entranhas da terra
Só quando as fachadas dos edificiospúblicos explodirem numa gargalhada
Será realmente pública a lei que as leis encerram

Há quem veja em Jeremiasapenas mais uma vitima da sociedade
Muito embora ele tenha a esse respeito uma opinião bem particular
É que enquanto o criminoso tem uma certa tendência natural p´ra ser vitimado
Jeremias nunca encontrou razões p´ra se culpar

Porque nunca foi a ambição nem a vingança que o levou a desprezar a lei
E jamais lhe passou pela cabeça tentar alterar a constituição
Como um poeta ele desarranja opesadelo p´ra lá dos limites legais
Foragido por amor ao que é belo e por vocação

Jeremias gosta do guarda roupa negro e dos mitos do fora-da-lei
Gosta do calor da aguardente e de se seguir remando contra a maré
Gosta da forma como os homens respeitaveis se engasgam quando falam dele
E da forma como as mulheres murmuram: o fora-da-lei

Gosta de tesouros e mapas sobertudo daqueles que o tempomais mal tratou
Gosta de brincar com o destino e nem o próprio inferno o apavora
Não estando disposto a esperar que a humanidade venha alguma vez a ser melhor
Jeremias escolheu o seu lugar do lado de fora.

(cantado pelo Jorge Palma, no Lado Errado da Noite)

2. ...cinematográficos

"we are nihilists, we believe in nothing"

The Big Lebowski, realizado pelos irmãos Cohen


Obs. : Acabará o idealismo no niilismo ou em escolher o nosso lugar do lado de fora?
Ou cansar-nos-emos de seguir remando contra a maré e votaremos todos no bloco central?

domingo, outubro 01, 2006

Experiências ecológicas

Este fim de semana fui caminhar com a Quercus, de Aveiro, pelo Vale do Rio Urtigosa, em Arouca.

Foi mais um daqueles dias de muita conversa boa e muito contacto com a natureza. Soube bem esperar a chuva e não chover, sentir o aroma das vindimas por todo o lado, ver árvores que não fossem eucaliptos, conviver com pessoas de diferentes idades e interesses. Soube muito bem ver o Outono de dedos vermelhos a tocar as parras e algumas árvores e imaginar que aquele percurso, quando o Outono perder a timidez, será ainda mais belo de fazer. Adoro estas experiências e recomendo (as caminhadas com a Quercus são muito fáceis, havia crianças de oito anos e gente de cabelos brancos, tendo ainda a vantagem de haver alguém que nos vai dando umas informações sobre a fauna e a flora ou mesmo sobre certas características da região). Estão a ouvir, amiguinhos-que-dizem-que gostavam-de-se-meter-nestas-coisas-mas que-não-têm-pernas?

Esta caminhada teve ainda a mais valia de me permitir ficar a saber

P.s. Este poste parece um boletim informativo... Ih! Ih!